Chico Buarque

Rosa-dos-ventos

Chico Buarque

A Arte de Chico Buarque


E do amor gritou-se o escĂąndalo
Do medo criou-se o trĂĄgico
No rosto pintou-se o pĂĄlido
E nĂŁo rolou uma lĂĄgrima
Nem uma lĂĄstima
Pra socorrer

E na gente deu o hĂĄbito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr

Mas, sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetĂĄculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdĂŁo

E a prudĂȘncia dos sĂĄbios
Nem ousou conter nos lĂĄbios
O sorriso e a paixĂŁo

Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito dos rios fartou-se
E inundou de ĂĄgua doce
A amargura do mar

Numa enchente amazĂŽnica
Numa explosĂŁo atlĂąntica
E a multidĂŁo vendo em pĂąnico
E a multidĂŁo vendo atĂŽnita
Ainda que tarde
O seu despertar



1969 © by Cara Nova Editora Musical Ltda.
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editor: Marola Edicoes (UBC)ECAD verificado obra #2075645 e fonograma #9204341 em 11/Abr/2024

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